domingo, 20 de setembro de 2015

É A SECA ACABANDO O MEU SERTÃO...

...E VOCÊ ME MATANDO DE SAUDADE
(MOTE: DAYANE ROCHA – TABIRA/PE

Tanto tempo eu vivo de padecer
Que essa vida é de pranto e de mágoa
Que o sertão seco sem um pingo dágua

Tem um céu sem querer se resolver
Vejo tudo e ainda por saber
Que você só não volta por maldade
Nem o céu vai chorar por piedade
Pra não ver encharcado o meu chão
É a seca acabando o meu sertão
E você me matando de saudade

Araripina/PE, 27/12/2012
Hélio Ferreira de Lima


CARGA TORTA

Inté um caminhão bom
Carregando carga torta
A buzina perde o tom
Desregula trinco e porta
Inté pra descer ladeira
O motor faz gemedeira
Resmungando o que transporta


Petrolina-PE, 20.09.15
Hélio Ferreira de Lima

terça-feira, 15 de setembro de 2015

REFÚGIO

(Dedicado a Marcelo, Humberto, Ana Maria, José Diniz, Glauco Júnior e Luiz Filho)

Ainda que as sombras
Do mal do poder

Nos cause temores
Arrepios 
E assombros
Ainda que o mundo
Caia nos meus ombros
Ainda que o mal
Queira prevalecer 


Ainda que o amor
Não traga ensombros

Ainda que a bondade
Não possa vencer

Ainda que a justiça
Teime em se perder

Deixando a verdade
Escondida em escombros

Ainda que o mundo

Dos homens-animais
Nos traga a maldade
Nos deixe sinais
Cicatrizes
Tristezas
Ou qualquer coisa ruim

No recôndito da alma

Eu encontro a paz
Eu encontro Deus
Ele planta um jardim

Um refúgio pra alma
Cá dentro de mim...

Araripina/PE, 15/03/2013

Hélio Ferreira de Lima

domingo, 13 de setembro de 2015

QUEM DISSE?

Quem disse que eu laço
E depois ignoro?
Quem disse que eu faço
Só versos de adeus?
Quem disse que passo 
Meus dias
Nos breus?
Quem disse que eu traço
Linhas tristes
E choro?

Quem disse que eu trago
Só versos de boro?
Quem disse que afago
Alguns versos ateus?
Quem disse que eu
Na tristeza 
Me arvoro?

Não sabe do universo
Dos abraços meus...
Não sabe da casa
Onde eu inda moro...
Não sabe do encanto
Do meu verso sonoro...
Não sabe das noites
Nos dias jubileus!

Não sabe do engenho
Dos neurônios meus...
Não sabe do empenho
Dia-a-dia
Poro-a-poro...
Não sabe que eu tenho
Universos de Deus!

Araripina/PE, 31.10.2012
Hélio Ferreira de Lima

SAÚVA...

Ah tanta lembrança
Como chove

E se derrama
E move
Essa criança
Essa saúva
Traquina

E ela é a dança
Na chuva
Na estrada
Na roça
No meio do mato
Tão pequenina


Salgueiro-PE, 13.09.15

Hélio Ferreira de Lima

NÃO MAIS QUE UM BOI

Tu não és tu
E também fazes
O que eu já fiz

És um ator
Como era eu!

Quando eu fui
Infeliz
Plebeu
De paletó
Um aprendiz
Tal como tu
Tão submisso
Tão bis
Que a quase tudo diz
Um engravatado
oi

Mas que só foi
Aos pontapés
Como eu fui
Como tu és
Não mais que um boi.

Salgueiro-PE, 13.09.15
Hélio Ferreira de Lima